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M&A Community no Brasil – Ed. #73

Brazil 66 min read
Author
Luca Rossi

Boa tarde, bem vindos à nossa nova edição! 

E já vamos começar com perguntas difíceis: você definiria 2024 como uma “quebra de expectativas?” O ano ainda não acabou, mas conforme a primeira quinzena de novembro se encerra, esse é um retrogosto amargo que pode ficar na boca de muitos estrategistas. O ritmo lento na retomada das operações de M&A, a persistência na ausência de uma janela para ofertas públicas no Brasil e a pressão que as elevadas taxas de juros globais adicionaram no custo do crédito podem ter frustrado os planos de algumas corporações, mas agora o que resta é o otimismo de que 2025 venha acompanhado das guinadas econômicas tão esperadas para livrar o mercado de um sentimento de estagnação. 

Mas isso não inibiu que, na última quinzena, empresas tenham se posicionado estrategicamente para impulsionar resultados e abocanhar ainda mais market share. Na Edição #73, compartilhamos algumas primeiras expectativas sobre o próximo período, além de trazer deals de destaque, como:

Confira também: a consolidação da Magalu na Logística e os planos ambiciosos da Compagas, que vendeu sua participação na Norgás para a Infra Gás e Energia.

Não esqueça de conferir os deals na quinzena no nosso Deals Tracker. 

Boa leitura!

Deal Tracker

TypeIndústriaTargetBuyerSeller
01

Takeover

Agribusiness

Life Agro

H.I.G. Capital

Matias Tiecher

02

Takeover

Consumer

Like Wine

Cervejaria Läut

Private Stakeholders

03

Takeover

Energy

49,9% restante da Lago Azul Transmissão

CelgPar

Eletrobras

04

Asset Acquisition

Energy

16 usinas solares (44,3 MWp de capacidade instalada)

EDP

Grupo Tangipar

05

Asset Acquisition

Energy

Ativos de distribuição e revenda de combustíveis líquidos e 16,7% da G7 Empreendimentos Imobiliários

SIM (Grupo Argenta)

TotalEnergies

06

Takeover

Energy

Infra Gás e Energia

Energisa (por meio da EDG)

Private Stakeholders

07

Majority Stake

Energy

51% da Norgás

Infra Gás e Energia

Compass (do grupo Cosan)

08

Joint Venture

Energy

Produção e comercialização de biometano

Lara Central, CTRVV, Ecometano e MDCPAR

09

Joint Venture

Energy

Instalação de usinas fotovoltaicas flutuantes

Eletrobras e Gosolar Flutuantes

10

Asset Acquisition

Energy

Participação em três usinas do complexo eólico Neoenergia Oitis

Grupo CCR

Neoenergia

11

Minority Stake

FIG

Participação adicional de 9% na corretora de seguros do BMG

Wiz

BMG

12

Minority Stake

FIG

25% da Wiz

Integra Participações

Caixa Seguridade

13

Merger

FIG

Criação da CardWay

Grupocard e Movilway

14

Takeover

FIG

Lacan Ativos Reais

Vinci Partners

Private Stakeholders

15

Asset Acquisition

Healthcare/Pharma

Marca Convivance

Laboratório Cristália

Sanofi

16

Takeover

Industry

Dales Recycling Partnership

Gerdau

Private Stakeholders

17

Takeover

Industry

Itaminas

Grupo AVG, Grupo Ageo e Banco Master

Private Stakeholders

18

Minority Stake

Industry

26% da Addoha Poultry Company

BRF Arabia

Private Stakeholders

19

Joint Venture

Industry

SPEs com 60 mil hectares de florestas plantadas e 43 mil hectares de terras

Klabin (57%)

Fundo de Investimento Florestal Timo (43%)

20

Takeover

Industry

Hidrover Equipamentos Hidráulicos

Grupo Interpump

Private Stakeholders

21

Minority Stake

Industry

11% da CSN Mineração

Itochu Corporation

CSN

22

Takeover

Industry

Aeroglass

Hengst Filtration

Private Stakeholders

23

Asset Acquisition

Natural Resources

Pedreira Ponta da Serra e Pedreira Itaboraí

Polimix

Grupo Queiroz Galvão

24

Minority Stake

Real Estate

Participações nos shoppings Carioca (20%), Tijuca (10%) e Plaza Sul (9,9%)

Private Stakeholders

Allos

25

Joint Venture

Real Estate

Criação da ModuLight

SteelCorp e Lightwall Brasil

26

Asset Acquisition

Real Estate

Condomínio WT Technology Park (WTTP)

Private Stakeholders

FUNCEF

27

Takeover

Services

VarejOnline

TOTVS

Private Stakeholders

28

Merger

Services

Logbee, GFL, Sinclog e Sode (agora Magalog)

Magalu

N/A (subsidiárias do Magalu)

29

Takeover

Sports

SAF Americano de Campos

Felipe Melo

Private Stakeholders

30

Majority Stake

Sports

90% da futura SAF do Paulista de Jundiaí

Exa Capital

Paulista de Jundiaí

31

Merger

TMT

Infinera

Nokia

Private Stakeholders

32

Joint Venture

TMT

MetaDataH

Meta (51%) e DataH (49%)

33

Takeover

TMT

Precisão-i

Atlas Governance

Private Stakeholders

34

Majority Stake

TMT

Bookmap

Nelogica

Private Stakeholders

35

Takeover

TMT

Tappaggo

Afinz

Private Stakeholders

36

Minority Stake

TMT

Unidade de serviços contábeis da iCount Plus

PrestContábil

iCount Plus (que mantém 30% de participação)

37

Takeover

TMT

47,09% da Eletromidia

Globo

Fundo Vesuvius (da H.I.G. Capital)

38

Takeover

TMT

WIX NET

UFINET

Private Stakeholders

39

Takeover

TMT

46,875% restante da Telecine

Globo

Paramount, Universal e MGM

40

Takeover

TMT

Supersonic

Etus Media Holding

Private Stakeholders

41

Takeover

TMT

Inipay

Klavi

Private Stakeholders

42

Minority Stake

TMT

51% da OnNet

Brasil TecPar

Private Stakeholders

43

Asset Acquisition

TMT

UPI composta por 100% das ações da SPE Imóveis e Torres Selecionados

SBA Torres Brasil

Oi

44

Takeover

TMT

ClearSale

Serasa (Grupo Experian)

Private Stakeholders

Um olhar preliminar para 2025

Na Edição #72, trouxemos dados que mostraram o movimento de desaceleração de investimentos na América Latina em 2024. Mas muita coisa acontece em uma quinzena, e o último desdobrar de acontecimentos apontam para um cenário de crescente otimismo para o próximo ano. 

Acontece que o M&A parece estar prestes a entrar em um novo momento. Em conferências internacionais, os CEOs do Goldman Sachs e do Morgan Stanley expressaram expectativas positivas para 2025. David Solomon, do Goldman Sachs, e Ted Pick, da Morgan Stanley, preveem um aumento significativo nas operações, muito impulsionadas por transações de grande porte e alcance global. No Brasil, já é possível identificar movimentações que reforçam esse otimismo. 

  • Você vai ver em Novos Fundos que grandes gestoras já estão em processos de captação de recursos para aproveitar a onda que tende a vir no próximo período. Por exemplo, a Crescera Capital está em processo de captação de USDm 500 para seu sexto fundo de PE, focado em setores promissores como educação, saúde, varejo, tecnologia e serviços. E a expectativa é atrair investidores institucionais e indivíduos de alto patrimônio líquido, visando participar de empresas com aportes de até USDm 250. O contexto econômico pode parecer desafiador, mas há quem esteja disposto a arriscar 

Incertezas econômicas impulsionam consolidações estratégicas

Os últimos meses reforçaram uma perspectiva que já havíamos compartilhado com vocês na Edição #67: a seca de IPOs pode persistir, mas empresas estão achando alternativas para captação de recursos — e o M&A é uma das forças a conduzir esse motor. Setores como tecnologia, energia renovável, infraestrutura e saúde estão no radar para potenciais consolidações.

  • Nessa quinzena, a Totvs reforçou seu foco em M&As para crescimento ao adquirir a VarejOnline por BRLm 49. Muito além de uma estratégia de expansão vertical, a empresa encontrou nas aquisições uma forma de reforçar sua presença no varejo, otimizando soluções tecnológicas e expandindo sua base de clientes em um cenário de financiamentos escassos. Mas o M&A não é a única alternativa implementada. A Totvs também expandiu seu programa de recompra de ações, aproveitando o valor depreciado no mercado.
  • No varejo, a Lojas Renner reportou lucro de BRLm 255,3 no 3T24, superando expectativas com alta de 48% em relação ao ano anterior. Impulsionada por investimentos em tecnologia e expansão de lojas, a companhia planeja abrir novas unidades em cidades com mais de 50 mil habitantes, em movimento que sinaliza uma estratégia agressiva de crescimento orgânico, mas que pode ser complementada por aquisições estratégicas no futuro.

Setores em destaque: Educação, Infraestrutura e Energia

A gente sabe como o setor de Tecnologia é uma força para investimentos e projeção de crescimento. Como vimos na última edição, empresas de base tecnológica foram as que mais contribuíram para os números de aportes na Q3 2024, muito em parte por conta da participação das fintechs:

E elas continuam liderando as captações. Dados de outubro da Liga Ventures apontam um aumento de 25% nas captações do setor, sendo que a maior parte foi de rodadas da Série B. E a tendência continua, apenas nessa edição mapeamos 5 aportes em fintechs brasileiras, e entre os destaques estão:

Mas para quem quer explorar outros mercados, quais são os grandes potenciais? Dados da última quinzena também destacaram as oportunidades do setor de Educação, Infraestrutura e Energia, e cada um segue um direcionamento estratégico específico.

Educação: consolidação e expansão

Se no 2T24 a Educação já havia impressionado, com um crescimento de 400% nas operações de M&A, a tendência é que o setor se fortaleça ainda mais em 2025. E quem diz isso é o Bank of America, que não apenas reforçou o potencial desse mercado, como também aponta que o M&A é o caminho mais eficaz para consolidar o setor, especialmente no segmento de ensino presencial. 

Para fechar com chave de ouro, a Redirection International apontou que transações envolvendo escolas de educação básica de alto nível representaram 30% de todas as operações registradas no setor macro da educação nos últimos 12 meses. Se era segmentação que você queria, aí está ela. 

Infraestrutura: investimentos estrangeiros e expansão

Uma agradável surpresa foi o setor de infraestrutura, que obteve um aumento de 150% nas fusões e aquisições em 2024, movimentando cerca de USD 17 bi até outubro, em um setor marcado pela participação de investidores estrangeiros é significativa, demonstrando confiança no potencial de crescimento do Brasil.

Energia: renováveis são a força da vez

Se o setor de Energia foi um destaque em 2024, as energia renováveis são parte importante desse spotlight. Os renováveis continuam liderando as atividades de M&A no setor. 

Houve 51 operações de fusões e aquisições até setembro de 2024, um aumento de 45% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a KPMG. 

No entanto, desafios como o “curtailment” afetaram algumas negociações. Empresas estão reavaliando estratégias e focando em projetos de geração distribuída. 

Em um cenário de retração, participações minoritárias também ganham espaço

Com o mercado de capitais restrito, empresas estão vendendo participações minoritárias para financiar expansões. Essas transações representaram 35% das operações de M&A em 2024, um aumento significativo em relação aos anos anteriores.

Trump e a Selic: o ano de 2025 vai ser sobre unir otimismo e cautela

O otimismo existe, mas isso não é justificativa para imprudência em 2025. Todos os caminhos apontam para a cautela. A instabilidade econômica e as mudanças regulatórias, tanto no cenário internacional quanto no doméstico, ainda são fatores que podem influenciar negativamente o ambiente de negócios no próximo período.

Nos Estados Unidos, a possibilidade de uma guinada regulatória com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais deve ser objeto de observação. A desregulamentação prevista pela nova administração poderia facilitar grandes fusões, especialmente nos setores de tecnologia e mídia. 

Empresas como a Warner Bros já manifestaram interesse em aproveitar um ambiente regulatório mais favorável para consolidação. O CEO David Zaslav destacou a necessidade de “deregulação, para que as empresas possam se consolidar e fazer o que precisamos para sermos ainda melhores”. Além disso, analistas apontam que a possível saída de líderes mais restritivos em órgãos reguladores, como a FTC, abriria caminho para uma abordagem mais flexível, incentivando atividades de M&A.

Essa expectativa também repercute no setor tecnológico. A remoção de obstáculos regulatórios pode estimular investimentos e aquisições, com empresas buscando ampliar sua presença global.

No Brasil, o governo prepara um pacote de cortes de gastos, e o presidente Lula está prestes a nomear três novos diretores do Banco Central, incluindo o sucessor de Roberto Campos Neto. Essas mudanças podem influenciar a política monetária e afetar o ambiente de negócios, exigindo atenção por parte das empresas e investidores. A elevação da taxa Selic para 11,25% reflete esforços para controlar a inflação, mas também pode impactar o custo do crédito e o apetite por investimentos.

Empresas e investidores devem permanecer vigilantes, adaptando suas estratégias para navegar em um ambiente em transformação. A compreensão das tendências políticas, econômicas e regulatórias será essencial para identificar oportunidades de crescimento e mitigar riscos. O sucesso no próximo ano dependerá da capacidade de alinhar objetivos corporativos com as dinâmicas do mercado global, aproveitando as janelas de oportunidade que surgirem em meio às mudanças.

Fonte: Valor Econômico, Variety, CFO, BCM News e Investing.

Deu o que falar…

Você já viu na Edição #72 como o Brasil está batendo recordes de recuperação judicial, com o Agronegócio encabeçando o movimento após as expectativas de que a desvalorização do real favorecem o setor se mostraram erradas. Mas a aviação também está passando por turbulências. 

A última quinzena foi marcada por mais um capítulo no drama da Gol, que avança em seu processo de recuperação judicial.

  1. A Gol Linhas Aéreas anunciou um acordo de reestruturação no qual seu maior credor, Abra Group, assumirá o controle da companhia, ajudando-a a sair do Chapter 11 no próximo ano. O acordo extingue cerca de USD 2,5 bi em dívidas e levantará até USD 1,85 bi para financiar a saída. O objetivo é que a empresa tenha uma posição de liquidez melhorada e um balanço mais saudável.
  2. A nova lei para regulamentar bioinsumos avança no Congresso, mas enfrenta desafios entre CropLife Brasil e Aprosoja, que promovem eventos concorrentes. A CropLife defende uma regulação com registro tripartite (Mapa, Anvisa, Ibama), especialmente para novos produtos. Por outro lado, a Aprosoja e pequenas empresas buscam evitar burocracias e proteções onerosas. Com acordos sendo trabalhados, a expectativa é aprovar uma regulamentação consensual até o fim de 2024, beneficiando o uso sustentável de bioinsumos no Brasil sem prejudicar inovação ou pequenos produtores.
  3. A recuperação extrajudicial da Unigel enfrenta impasses devido a divergências entre controladores, bondholders e debenturistas. A companhia, que tem BRL 4,14 bi em dívidas, tenta a homologação do plano desde fevereiro. Credores exigem transparência na venda de ativos e questionam a distribuição desigual das condições de pagamento, com os bondholders recebendo melhores termos. O juiz do caso investiga se os controladores cumpriram o quórum legal e as cláusulas de confidencialidade do processo, prolongando a decisão final e aumentando as tensões entre as partes.
  4. O STF propôs uma nova tentativa de conciliação entre a J&F Investimentos e a Paper Excellence, marcada para 18 de novembro, na disputa de BRL 15 bi pela Eldorado Brasil. Esse conflito, que se arrasta desde 2018, envolve divergências contratuais e questões jurídicas, incluindo alegações de obstrução na transferência de controle e disputas sobre compra de terras por estrangeiros. A recente decisão do ministro Kassio Nunes Marques no STF reafirma a legalidade das decisões anteriores e busca facilitar o diálogo entre as partes.
  5. O Cade negou a análise em rito sumário para a venda da Oi Fibra para a V.tal, decidindo por uma avaliação mais detalhada devido ao impacto potencial na concorrência. A operação, aprovada por credores, visa aliviar a dívida da Oi e elevar sua participação na V.tal para 27,5%, num total de BRL 5,68 bi. A decisão final depende também da Anatel, que analisará aspectos regulatórios, incluindo a migração da concessão da Oi para um regime privado, para viabilizar o plano de recuperação.

Novos fundos e captações

OwnerFundCategoryExpected AUM
01

Patria Investimentos

PIER11

Private Equity

BRLm 400

02

Sebrae

FIC FIP

Private Equity

BRLm 60

03

Pátria

HGRU11

Real Estate

BRLm 69,5

Agronegócio

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising

Consumo

Intenções e Estratégias

M&A

Energia

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising

TMT

M&A

Intenções e Estratégias

Fundraising

FIG

Intenções e Estratégias

M&A

Industria

Intenções e Estratégias

M&A

Real Estate

Intenções e Estratégias

M&A

Saúde

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising

Serviços

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising