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M&A Community no Brasil – Ed. #74

Brazil 66 min read
Author
Luca Rossi

Bem-vindos à edição #74 da M&A Community Brasil!

Há quem fale que “não estava tão animado com 2024″, mas é inegável que quem tem sede de negócios estava esperando mais do período. O motivo a gente já sabe: o M&A mostrou uma recuperação mais lenta do que esperado, o cenário econômico global apresentou marés conturbadas e nem me deixe começar a falar dos IPOs. 

Mas vamos deixar as nuvens pesadas de lado. Os dados dessa quinzena complementam a perspectiva que compartilhamos na Edição #73: embora muitos negociadores permaneçam hesitantes diante do cenário político e macroeconômico atual, indústrias em transformação estão avançando com suas estratégias e criando oportunidades em um cenário que ainda inspira cautela, mas mostra muito potencial de se ganhar dinheiro. 

E algumas movimentações significativas ilustram essa perspectiva:

Mas não paramos por aí. 

A CBA anunciou a venda de sua participação na Alunorte para a Glencore por BRLm 236,8. Com a transação, a CBA deixará de comercializar alumina excedente e reduzirá complexidades operacionais. E fundos também se movimentam na reta final do ano, com a GEF Capital Partners e a Vinci Partners estão adquirindo 100% da Logvett, colocando em movimento a estratégia de criar uma plataforma de saúde robusta, com investimentos previstos entre BRLm 800 e BRLm 900 — e novas aquisições ainda estão no radar.

Vamos mergulhar nesses e outros insights? 

Confira nossa última edição e não deixe de explorar nosso Deals Tracker para ficar por dentro de todas as transações da quinzena.

Boa leitura!

Deal Tracker

TypeIndústriaTargetBuyerSeller
01

Takeover

Agribusiness

Grupo HEVO

Global Egg

Cleon Capital

02

Takeover

Agribusiness

El Abuelo

Agrícola Famosa

Private Shareholders

03

Minority Stake

Consumer

30% do capital da Freeze

Moriah

Carolina Goldberg

04

Minority Stake

Consumer

13% do capital da C&A

Private Shareholders

Grupo Cofra

05

Takeover

Consumer

Casa e Tinta

Grupo Luidar Tintas

Júlio Gomes

06

Asset Acquisition

Consumer

Marca Overhop

Brewteco

Private Shareholders

07

Takeover

Consumer

Fruta Imperfeita

Food To Save

Private Shareholders

08

Takeover

Energy

Gera Maranhão

Eneva

BTG Pactual Holding Participações e Acionistas Minoritários

09

Joint Venture

Energy

Formação de uma joint venture para produção de bioinsumos para SAF

Corteba e BP

10

Takeover

Energy

50,1% restante da Tijoá Participações (operadora da usina Três Irmãos)

Eletrobras

Triunfo Participações

11

Minority Stake

Energy

20% do campo de gás IRAI e opção de adquirir os 80% restantes e o bloco TUC-T-172

Corcel (por meio da CRCL Brasil)

Petroborn

12

Takeover

Energy

Green Ventures (usina de biodiesel)

Oleoplan

Fiagril

13

Takeover

Energy

Cotesa Engenharia

CYMI BR

Private Shareholders

14

Takeover

FIG

CobranSaaS

Celcoin

Private Shareholders

15

Takeover

FIG

CIANO

OneKey Payments

Private Shareholders

16

Asset Acquisition

FIG

Braço de crédito da Bitso (licença de Sociedade de Crédito Direto – SCD)

BYX Capital (do grupo Banco Pine)

Private Shareholders

17

Minority Stake

FIG

49% da Friday IP

Bemobi

Private Shareholders

18

Takeover

FIG

Economatica

Reag Investimentos

TC (antigo TradersClub)

19

Minority Stake

FIG

Consist

Vita Investimentos

Private Shareholders

20

Asset Acquisition

Healthcare/Pharma

Hospital Monte Klinikum e carteira de clientes da Amil no Ceará

Kora Saúde

Amil

21

Asset Acquisition

Industry

Fábrica de processados na China

BRF

Henan Best Foods (subsidiária da OSI Group)

22

Asset Acquisition

Industry

Unidade de curtume em Bataguassu (MS)

Grupo Viva (Viposa e Vancouros)

Marfrig

23

Asset Acquisition

Industry

Fábrica Henan Best Foods na China

BRF

Henan Best Foods (subsidiária da OSI Group)

24

Takeover

Industry

41,27% restantes da Gerdau Summit

Gerdau

Sumitomo Corporation (39,53%) e The Japan Steel Works Ltd. (1,74%)

25

Takeover

Industry

SUMIG

ESAB Corporation

Private Shareholders

26

Takeover

Industry

Coterflex Industrial

Brennan Industries

Private Shareholders

27

Takeover

Industry

Cimentos do Maranhão

Polimix (por meio da Mizu Cimentos)

Private Shareholders

28

Minority Stake

Industry

3,03% da Alunorte

Glencore

Companhia Brasileira de Alumínio (CBA)

29

Minority Stake

Real Estate

32,5% em sociedades controladas, incluindo o Projeto Multiuso Shops Faria Lima

XP Malls

JHSF

30

Asset Acquisition

Real Estate

Imóveis nas cidades de Anindeua e Marituba (PA), Russas (CE) e São Mateus do Maranhão (MA)

Private Shareholders

Grupo Mateus

31

Majority Stake

Services

WeVets

L Catterton

Treecorp e outros acionistas (saída parcial)

32

Takeover

Services

Eu Médico Residente

Ânima Educação (por meio da Inspirali)

Private Shareholders

33

Takeover

Services

Instituto Cultural Newon (Centro Universitário Newton Paiva)

Yduqs

Private Shareholders

34

Majority Stake

Services

95% da Aiuká Consultoria em Soluções Ambientais

Oceanpact (por meio da EnvironPact)

Private Shareholders

35

Takeover

Services

Logvett

GEF Capital Partners e Vinci Partners

Private Shareholders

36

Takeover

TMT

Neoprospecta

Biomerieux

Private Shareholders

37

Asset Acquisition

TMT

1.240 torres e terrenos

SBA

Oi

38

Minority Stake

TMT

50% da ReConverte

Spun Mídia

Private Shareholders

39

Merger

TMT

i-Cherry

WPP Media Services

40

Takeover

TMT

Insignia Assets

Netspaces

Private Shareholders

41

Takeover

TMT

Fácil

Vela LatAm

Private Shareholders

42

Takeover

TMT

Ellévti

Allianzo

Private Shareholders

43

Takeover

TMT

EUE

Mude

Eduardo Farah e outros acionistas da EUE

44

Takeover

TMT

Inipay IP

Klavi

Private Shareholders

Recuperação lenta, mas constante: ainda dá para ter fé no M&A global em 2025

Falamos na Edição #73 sobre as expectativas (muitas delas frustradas) para o M&A em 2024. Mas a lição que fica é: como no poker, podemos nos deixar levar pela frustração e desistir da mão. Mas, se formos olhar para o último relatório do BCG, 2025 pode trazer um flush para aqueles com estratégia o suficiente para se arriscar.

E tudo bem, a expectativa de retomada robusta em 2024 não deu certo. Mas não podemos ignorar a recuperação lenta e cautelosa que os resultados do período apontam. Muitos negociadores permaneceram hesitantes, o que é compreensível dado o cenário político e macroeconômico atual. No entanto, indústrias que estão passando por transformações significativas—como energia, tecnologia e saúde—estão avançando com suas estratégias, o que pode representar oportunidades para grandes cartadas no próximo período. 

Vamos embasar a expectativa em dados? 

Nos primeiros nove meses de 2024, o valor agregado global de M&A aumentou aproximadamente 10% em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando cerca de USD 1,6 tri em aproximadamente 22.400 transações. Resultado, de fato, positivos. Mas não só isso. 

Esse impulso está alinhado com o Índice de Sentimento de M&A da BCG, mostrando que o mercado também está subindo suas apostas e deve colocar mais fichas na mesa. Tudo aponta para um mercado em fortalecimento, especialmente na América do Norte e na Europa.

Quais foram os setores de destaque, segundo o BCG?

  • Tecnologia, Mídia e Telecomunicações: Um aumento de 36% no valor das transações, impulsionado pelo contínuo avanço na digitalização e nos desenvolvimentos em IA.
  • Instituições Financeiras e Imobiliário: Registraram um aumento de 35%, sinalizando forte interesse dos investidores nesses setores.
  • Energia: Viu um crescimento de 14%, refletindo a ênfase global na transformação energética e nas iniciativas de sustentabilidade.
  • Setor de Consumo: Experimentou um aumento de 35%, principalmente devido a negócios significativos que ainda reverberam nessa final de ano, como a aquisição da El Abuelo pela Agrícola Famosa, criando o maior fornecedor de melões e melancias para a Europa.

América do Norte permanece no pódio, mas Europa é um forte contestante

A América do Norte lidera a atividade de M&A, representando 55% das transações globais, com empresas dos EUA sendo as mais ativas. A Europa segue de perto, com aumentos notáveis no Reino Unido, Suécia, República Tcheca e França. Em contraste, a Ásia-Pacífico e a África continuam a experimentar uma desaceleração nas negociações.

Vale também olhar para os grandes negócios como indicador da saúde do mercado. Os deals avaliados em mais de USDm 500 experimentaram um pico em 2021 e 2022. Mas hoje, com a baixa no volume, é perceptível queda na confiança geral dos negócios.

A mesa dos megadeals (avaliados em mais de USD 10 bi) também seguiu essa tendência de redução em 2024, com apenas 17 anunciados nos primeiros nove meses. Em 2022, o número era de 28 durante o mesmo período.

PE e empreendimentos colaborativos surfam em uma onda favorável.

Apesar dos números, as firmas de private equity não se deixaram abalar. O setor está ressurgindo, impulsionado por um recorde de USD 2,1 tri em dry powder. Ventos favoráveis, movimentados pela tendência de queda nas taxas de juros e a redução das lacunas de valuations entre vendedores e compradores, impulsionaram o PE principalmente em setores como tecnologia, mídia, telecomunicações, instituições financeiras e imobiliário. Nossa estrelinha vai para telecomunicações, mas você pode ler mais a respeito nas nossas Market Trends.

Quem também ganha popularidade são os empreendimentos colaborativos, que apresentaram crescimento à medida que empresas buscam parcerias estratégicas para navegar nas complexidades do mercado. E eles também estão nessa quinzena. 

  • As gigantes Corteva e BP anunciaram planos para formar uma joint venture focada em bioinsumos para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF). A meta é produzir 1 milhão de toneladas métricas anuais até 2035, atendendo à crescente demanda por descarbonização no setor de aviação.

Negócios verdes e sustentabilidade

Falando em SAFs e descarbonização, 2024 também foi o ano em que o ESG mostrou sua influência nas atividades de M&A. 

Negócios verdes visando objetivos de sustentabilidade ganharam impulso na última década e permanecem firmemente nas agendas dos CEOs. O foco foi forte em aquisições e desinvestimentos, que se mostraram ferramentas estratégicas para empresas alcançarem metas relacionadas a mudanças climáticas, descarbonização e economia circular. 

Exemplos recentes incluem:

  • Oleoplan: Anunciou a aquisição da Green Ventures, reforçando sua estratégia de crescimento no segmento de biocombustíveis.
  • Food To Save: A startup que combate o desperdício de alimentos adquiriu a Fruta Imperfeita, visando salvar 7 mil toneladas de alimentos até 2025.

Atenção: fique atento para esses pontos

Enquanto os negociadores enfrentam ventos contrários como incertezas políticas, flutuações nas taxas de juros e desafios regulatórios, o BCG elencou uma série de fatores que você deve ficar atento para fomentar o momentum. Em resumo, temos:

  • Condições econômicas favoráveis: Com as principais eleições concluídas, há maior clareza política. Muitas empresas possuem balanços sólidos, com capital pronto para ser investido em negócios. Além disso, as firmas de private equity têm níveis recordes de dry powder disponíveis, e pode ser o momento ideal para queimá-los. Vamos captar?
  • Condições de mercado: Os níveis de valuation se recuperaram e, à medida que a inflação se estabiliza, as taxas de juros estão em declínio. Se essas condições continuarem, o mar está para peixe (ou crédito).
  • Imperativos estratégicos: Transformações contínuas, esforços de digitalização e avanços em IA continuarão a impulsionar atividades de M&A à medida que as empresas buscam crescimento e resiliência. O hype é cada vez mais real, mas avance com cuidado. Soluções de IA devem gerar valor tangível, e isso precisa ser um ponto de atenção para estrategistas. Não vale pagar a aposta só por conta que todo mundo está desembolsando fichas. 

Nesse final de 2024, olhar para o M&A envolve considerar uma abordagem de oportunidades, tirando proveito de um mercado que não está em seu pico, mas permite um melhor alinhamento com objetivos de longo prazo e potencialmente retornos mais altos. A preparação proativa distinguirá aqueles prontos para navegar nas complexidades do mercado daqueles que podem ser pegos de surpresa à medida que a próxima onda de M&A ganha força.

Deu o que falar…

  1. A Light, companhia elétrica carioca, optou por recorrer à recuperação judicial nos Estados Unidos sob o “Chapter 15”, um movimento que também foi seguido por outras empresas brasileiras, como a Gol Linhas Aéreas. A escolha reflete as limitações do sistema jurídico brasileiro, com destaque para a maior agilidade, previsibilidade e transparência do modelo norte-americano. Especialistas apontam que, enquanto o Brasil enfrenta problemas de burocracia e insegurança jurídica, o sistema dos EUA oferece vantagens, como a possibilidade de financiamento durante a recuperação e a manutenção do controle acionário pela empresa.
  2. O Cade suspendeu os direitos políticos da Paper Excellence na Eldorado Celulose, impedindo-a de votar em assembleias e participar de decisões estratégicas. A medida preventiva responde a acusações da J&F Investimentos, controladora da Eldorado, de práticas anticompetitivas. A Paper, detentora de 49,41% da Eldorado, busca concluir a compra de controle da companhia, enfrentando resistência da J&F. A disputa inclui um inquérito administrativo no Cade e uma audiência de conciliação no STF. A Paper planeja investir BRL 20 bi na Eldorado se assumir o controle.
  3. A recuperação da Americanas ainda enfrenta desafios operacionais, apesar da recente valorização de 240% das ações após o balanço positivo, impulsionado pela reestruturação da dívida. O lucro foi essencialmente contábil, e a empresa segue com prejuízos acumulados de BRL 34,3 bi. O e-commerce teve queda significativa, enquanto o varejo físico cresceu. A companhia busca melhorar sua rentabilidade, mas o cenário continua instável, com a dívida remanescente e necessidade de reformas operacionais.

O CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, fará uma retratação formal ao ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, após suas declarações levarem frigoríficos brasileiros a suspender o fornecimento de carnes ao Grupo Carrefour Brasil. Bompard havia anunciado que não venderia carnes do Mercosul nas lojas francesas, atendendo a pressões de agricultores franceses contrários ao acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

Novos fundos e captações

OwnerFundCategoryExpected AUM
01

Acumen

Venture Capital

USD 1,5 bi

02

Piemonte Capital

Private Equity

BRL 1 bi

03

Futurum Capital

Fundo 2

Venture Capital

04

Across Capital

Venture Capital

USDm 120

05

Yards Capital

Yards FI-Infra ESG

Private Equity

BRLm 200

Market Trends

Quais foram os principais desafios do buy-side em 2024

O M&A apresenta desafios em todas as suas etapas, exigindo preparação e resiliência das empresas compradoras. Um dos maiores obstáculos destacados no Buy-side Report 2024 da Questum é a complexidade da integração pós-transação, apontada por mais de um quarto dos participantes. A dificuldade em capturar sinergias e alinhar operações reforça a necessidade de planejamento estratégico desde o início, incluindo esforços colaborativos entre compradores e fundadores para garantir o sucesso no longo prazo.

Outro ponto crítico é o mapeamento de empresas-alvo, especialmente em mercados fragmentados como o brasileiro. Embora a prospecção seja ativa para a maioria das empresas entrevistadas, inconsistências contábeis e financeiras continuam sendo os principais deal-breakers. Startups que negligenciam a organização financeira e a governança expõem-se ao risco de perder oportunidades, já que esses fatores geram desconfiança e elevam os riscos de compliance.

Além disso, o cenário macroeconômico e as altas taxas de juros desafiam a realização de negócios de maior porte, concentrando transações no intervalo de BRLm 20 a BRLm 100 milhões. Para fundadores interessados em um exit bem-sucedido, o relatório sugere uma análise aprofundada do posicionamento estratégico e a construção de bases sólidas de valuation.

Fonte: Questum

E no compliance, como estão as coisas?

A maturidade no compliance, especialmente no contexto de M&A, está se tornando um diferencial estratégico em setores cada vez mais desafiadores. No mercado brasileiro, setores como tecnologia e finanças se destacam por apresentarem os programas de compliance mais robustos, com alta capacidade de monitoramento e integração em decisões estratégicas. 

Por outro lado, o setor de consumo e varejo ainda enfrenta obstáculos significativos, principalmente na avaliação e gestão de riscos de terceiros, o que reforça a necessidade de melhorias estruturais para garantir a integridade em transações complexas.

Os desafios mais frequentes incluem a falta de integração total do compliance com áreas-chave de negócios e a dificuldade em estabelecer mecanismos eficientes de due diligence e background check. Tais falhas podem impactar diretamente a viabilidade de M&As, expondo empresas a riscos financeiros e reputacionais. 

Mesmo com avanços como canais de denúncia independentes e metodologias investigativas mais refinadas, 31% das empresas relataram riscos não monitorados que se materializaram nos últimos 12 meses, evidenciando a necessidade de priorizar ferramentas tecnológicas e treinamento para mitigar fraudes e não conformidades.

A lição mais importante é clara: um programa de compliance maduro não é apenas uma exigência regulatória, mas um motor para negociações de M&A bem-sucedidas. Empresas que investem em governança integrada e tecnologias preditivas estão mais preparadas para enfrentar um cenário de negócios complexo e aumentar seu valor no mercado. 

Fonte: KPMG

Setor de destaque da quinzena: telecomunicações é uma selva a ser explorada

Já falamos sobre o potencial das telecomunicações para os estrategistas, e agora é a hora de mergulhar fundo na tendência. 

Em 2024, o valor global das transações no segmento de telecomunicações registrou um crescimento notável, saltando de USD 16 bi na primeira metade de 2023 para impressionantes USD 43 bi no mesmo período deste ano, impulsionada pela busca incessante por escalabilidade e pela necessidade de adaptação a modelos de negócios mais ágeis e eficientes. 

Esse avanço significativo reflete uma indústria em plena transição, na qual as operadoras intensificam suas estratégias de M&A para ampliar suas capacidades operacionais e enfrentar novos desafios competitivos, como a fragmentação dos modelos integrados tradicionais.

Entre as tendências mais proeminentes, destacam-se os chamados “scale deals”, que atualmente representam a maior parcela do valor global das transações no setor. No Brasil, um exemplo emblemático é a venda de 1.240 torres de telecomunicações pela Oi para a SBA, no âmbito do plano de recuperação judicial da operadora, por BRL 41 milhões, em uma movimentação que ilustra como as empresas estão otimizando seus ativos para melhorar a liquidez e fortalecer sua competitividade no mercado. Outro caso de destaque é a aquisição do braço de crédito da Bitso pela BYX Capital, uma operação estratégica destinada a consolidar soluções financeiras no setor de infraestrutura digital, aproveitando a licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) detida pela Bitso.

Apesar do crescente protagonismo dos “scale deals”, as desestatizações de infraestrutura continuam a desempenhar um papel relevante, representando 38% do valor total das transações nos últimos cinco anos. Essa dinâmica evidencia um setor que, mesmo diante de desafios complexos e multifacetados, continua a utilizar as operações de M&A como uma ferramenta essencial para navegar pelas incertezas do mercado e construir a próxima geração de conectividade global.

Fonte: Bain Company

Outras trends

  1. O setor agropecuário registrou uma queda expressiva de 40,7% nos pedidos de recuperação judicial no Q3 24, segundo dados do Serasa Experian. O total incluiu 106 solicitações de produtores pessoa física (-50% em relação ao Q3 23) e 92 solicitações de pessoa jurídica (-24% em relação ao Q3 23). Apesar da melhora, analistas recomendam cautela, atribuindo a redução ao represamento de pedidos no trimestre anterior e a condições econômicas desafiadoras.
  2. Christopher Garman, da consultoria Eurasia, prevê que a vitória de Trump pode intensificar as tensões comerciais entre os EUA e a China, o que favoreceria o Brasil, especialmente no setor agrícola. Ele também prevê um fortalecimento do dólar e um crescimento global mais baixo, o que pode afetar mercados emergentes. Além disso, Garman acredita que a União Europeia pode buscar um acordo comercial com o Mercosul até dezembro de 2024. 
  3. O Morgan Stanley rebaixou as ações do Brasil para “underweight” devido ao aumento do déficit fiscal, que ameaça as medidas do Banco Central para controlar a inflação. O banco alerta que os juros elevados atraem investimentos em renda fixa, prejudicando o mercado acionário. Apesar dos valuations baixos, a falta de disciplina fiscal desanima investidores. A recomendação positiva foca setores como digitalização, energia e agricultura, enquanto evita cíclicos domésticos. Perspectivas melhores dependem de ajustes fiscais. Ações na Argentina, Chile e Colômbia são vistas como mais atrativas.
  4. Após a retomada pós-pandemia, o mercado de fusões e aquisições no setor de seguros passou a adotar uma postura mais seletiva. As seguradoras agora focam em aquisições que reforçam sua especialização, eficiência operacional e inovação. Aquisições como a da MDS pela D’Or e da Liberty Seguros pela HDI exemplificam essa tendência, com ênfase na digitalização e no fortalecimento de nichos como saúde e assistência. A transformação digital e a experiência do cliente são prioridades para garantir integração bem-sucedida durante as fusões.
  5. O número de transações de fusões e aquisições no setor elétrico brasileiro aumentou 45% nos últimos nove meses, totalizando 51 operações, frente a 35 em 2023. A maior parte das transações envolveu empresas brasileiras, com destaque para o aumento de aquisições internas. O crescimento no setor reflete a busca por competitividade e parcerias em um contexto de mudanças climáticas. No geral, o mercado de M&As teve uma alta de 5%, destacando-se tecnologia da informação e internet.
  6. O setor atacadista deve ver um aumento nas aquisições maioritárias, com empresas buscando consolidar operações para aproveitar sinergias e melhorar a rentabilidade. A transformação de atacadistas em operadores logísticos e gestores de estoque é uma tendência crescente, devido às economias de escala. Nestor Casado, CEO da Capital Invest M&A, destaca que a principal transação no setor será a de aquisições de 100%, já que apenas dessa forma é possível realizar uma integração completa das operações. 
  7. O setor elétrico registrou um aumento de 45% nos M&As nos primeiros nove meses de 2024, totalizando 51 transações, comparado com 35 no mesmo período de 2023, segundo levantamento da KPMG. A maior parte das transações foi entre empresas brasileiras (37), enquanto 14 envolveram empresas de capital estrangeiro adquirindo empresas brasileiras. Esse aumento destaca o crescimento do setor e a maior movimentação entre companhias nacionais, refletindo uma tendência de fortalecimento e diversificação no mercado elétrico brasileiro.

O seguro R&W tem ganhado espaço no Brasil, embora de forma lenta. Esse tipo de seguro, comum em fusões e aquisições no exterior, cobre riscos associados ao não cumprimento de declarações e garantias feitas pelos vendedores durante a transação. Embora os custos ainda sejam elevados no Brasil, suas vantagens, como a redução de tensões nas negociações e a maior segurança para as partes envolvidas, estão começando a ser reconhecidas. Com a complexidade crescente das transações e a entrada de seguradoras estrangeiras no mercado brasileiro, espera-se que o R&W se torne mais popular e, eventualmente, mais acessível, impulsionando sua adoção no país.

Movimentações executivas

Indústria

Investment and Banking

Agronegócio

Intenções e Estratégias

M&A

Consumo

Intenções e Estratégias

M&A

Energia

Intenções e Estratégias

M&A

FIG

Intenções e Estratégias

M&A

Industria

Intenções e Estratégias

M&A

Real Estate

Intenções e Estratégias

M&A

Saúde

Intenções e Estratégias

M&A

Serviços

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising

TMT

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising