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M&A Community no Brasil – Ed. #79

Brazil 52 min read
Author
Luca Rossi

A Dealogic já havia apontado os setores de energia e infraestrutura como os grandes responsáveis pelo crescimento no M&A em 2024, marcando um período ativo após um ano de volatilidade que desacelerou os negócios. A novidade é que esses setores continuam se mostrando fortes, liderando algumas das maiores transações dessa última quinzena.

Podemos especular sobre alguns dos motivos dessa força? Sempre. E trazemos essa análise para você nesta edição. 

Mas antes de partirmos para os insights, que tal observarmos os nossos destaques da semana?

  • A Cargill adquiriu os 50% restantes da SJC Bioenergia, tornando-se sua única dona. O valor da transação é estimado em BRL 2,6 bi, incluindo dívidas, e ainda depende da aprovação do Cade. A negociação envolveu os bondholders da Usina São João, que buscavam compradores. Com o negócio, a Cargill reforça sua aposta em biocombustíveis e amplia investimentos no Brasil, onde já aportou BRL 6,8 bi recentemente.
  • A EDF, estatal francesa, adquiriu 70% da hidrelétrica Baixo Iguaçu, da Neoenergia (PR) por BRL 1,43 bi, valor sujeito a ajustes como a variação do CDI. A usina, que entrou em operação em 2019, tem capacidade para abastecer uma cidade de cerca de 1 milhão de pessoas. A Copel mantém 30% da participação e não planeja vender. A concessão do ativo vai até 2049.
  • A Quartzo comprou O Patriarca Investimentos e viu seu volume de recursos saltar de BRLm 300 para BRL 1,7 bi. O anúncio vem acompanhado do início do pilot fishing do sexto fundo de VC da empresa, com meta acelerar o investimento em startups da gestora com USDm 100 aportados.

Não deixe de conferir todas as operações da última quinzena nos nossos Deals Highlights. 

Boa leitura!


Como o cenário de M&A se transformou em 2024?

Após dois anos de desaceleração, o mercado de M&A encerrou 2024 com novo impulso. O Relatório Global Anual de M&A 2024 da PitchBook, patrocinado pela Ideals, destaca como o aumento da liquidez e a queda nas taxas de juros globais impulsionaram as negociações durante esse período.

📌 Conheça os principais setores que impulsionaram o maior crescimento

📌 Descubra como estão as avaliações de mercado e as oportunidades que elas oferecem

📌 Explore o aumento da participação do private equity no valor total das transações

O estudo também projeta uma perspectiva otimista para 2025, à medida que os mercados adotam uma postura mais “risk-on”, após um dos períodos mais turbulentos desde a crise financeira global.

Quer saber como essas tendências podem impactar suas estratégias de M&A no próximo ano? Baixe agora o Relatório Global Anual de M&A 2024 e obtenha insights exclusivos sobre as principais tendências do setor!

Acesse o relatório completo

Deal Highlights 4 a 19 de fevereiro

TypeIndústriaTargetBuyerSeller
01

Takeover

Agribusiness

Carmetal

Grupo Piccin

Private Shareholders

02

Joint Venture

Agribusiness

SBS Green Seeds

Boa Safra + Semembrás + Sementes Nobre

03

Takeover

Consumer

Maria Coxinha

Loucos por Coxinha

Private Shareholders

04

Takeover

Consumer

La Basque

Flamboyant

Família Faria

05

Asset Acquisition

Consumer

1 loja Nacional (RS)

Supermercados Kern

Carrefour

06

Takeover

Consumer

Canguru Supermercados

Supermercados BH

Private Shareholders

07

Takeover

Energy

SJC Bioenergia

Cargill

Usina São João

08

Majority Stake

Energy

UHE Baixo Iguaçu (70%)

EDF

Neoenergia

09

Minority Stake

Energy

Parque Solar Janaúba (48 MW)

Schulz

Elera (Brookfield)

10

Takeover

FIG

Patriarca Investimentos

Quartzo Capital

Private Shareholders

11

Minority Stake

FIG

C6 Bank (Participação minoritária)

C6 Bank

Tim

12

Majority Stake

FIG

Grupo Arko

Nippur Finance

Private Shareholders

13

Takeover

FIG

O Patriarca Investimentos

Quartzo Capital

Private Shareholders

14

Majority Stake

Healthcare/Pharma

SpinCare

MV

Private Shareholders

15

Takeover

Industry

Bioclean

Alfaparf Milano

Private Shareholders

16

Takeover

Natural Resources

Latin Resources (Projeto Colina)

Pilbara Minerals

Latin Resources

17

Takeover

Natural Resources

Baovale

Vale

Baoshan Iron & Steel

18

Asset Acquisition

Natural Resources

Campos de Produção (Polo Porto Carão e Barrinha)

Azevedo & Travassos + PetroVictory Energy Corp

Brava Energia

19

Asset Acquisition

Real Estate

Operações Bretas (MG)

Supermercados BH

Cencosud

20

Asset Acquisition

Real Estate

4 galpões logísticos (Cajamar, Jundiaí, Ribeirão Preto, Duque de Caxias)

Mauá Logístico FII (JiveMauá)

Icon Realty

21

Asset Acquisition

Real Estate

2 hotéis de luxo (144 quartos)

Grupo ICH

CFL

22

Minority Stake

Services

GoTrucks

Kassio Seefeld

Private Shareholders

23

Takeover

Services

Beer Island Tap House

Grupo Saints

Private Shareholders

24

Takeover

Services

WeWork Brasil

WeWork Companies

SoftBank

25

Asset Acquisition

Services

Moove Portugal

(N/d)

Sequoia Logística

26

Takeover

Services

Animaniacs

WeVets

Private Shareholders

27

Majority Stake

Sports

Athletic Club (53,5%)

Thássilo Soares (agente de Vini Jr.)

F&P Gestão Esportiva

28

Takeover

TMT

B2RISE

Numen

Private Shareholders

29

Takeover

TMT

V2COM

WEG

Private Shareholders

30

Majority Stake

TMT

C2R Mídia (52%)

Maely Mídia OOH

Private Shareholders

31

Takeover

TMT

Joinkey

Afinz

Private Shareholders

32

Minority Stake

TMT

Clube do Presidente (20%)

Equity Fund Group

Private Shareholders

33

Takeover

TMT

VHL Sistemas

Valsoft

Private Shareholders

34

Takeover

TMT

Matrix Cyber Consulting

Conviso

Private Shareholders

35

Majority Stake

TMT

Um.a Diversidade Criativa

Grupo Águia Branca

Private Shareholders

36

Takeover

TMT

Pilla

Jeitto

Private Shareholders

37

Asset Acquisition

TMT

Oi TV

Mileto Tecnologia

Oi

38

Takeover

TMT

Gringo

Corpay

Private Shareholders

39

Takeover

TMT

Trindade Tecnologia

Agger

Private Shareholders

40

Takeover

TMT

IT4 Finance

BRITech

Private Shareholders

41

Takeover

TMT

Sisfinance

BRITech

Private Shareholders

42

Takeover

TMT

Fidelity National

Grupo Callink

Fidelity Holding

Já considerou os scale deals na sua estratégia de 2025?

Já pontuamos na Edição #77 que 2024 foi um período marcado por expectativas elevadas e headwinds persistentes, especialmente no que diz respeito a juros ainda pressionando custos e uma forte vigilância regulatória (sobretudo nos megadeals). O mantra é claro: quem agiu se destacou. Megaoperações mostraram potencial e um aumento no valor dos deals criou, em alguns, expectativa. 

O recém-lançado M&A Report 2025, da Bain & Company, corrobora essa expectativa. Os dados levantados pela consultoria mostram que, em 2024, o mercado global de M&A registrou um valor de aproximadamente USD 3,5 tri em transações, um aumento de 15% em relação ao ano anterior.

Poderíamos assumir aqui que 2025 também será o ano dos scale deals. Mas aquela estética bauhaus, onde “menos é mais”, que mencionamos na Edição #78 ao falar sobre a queda na quantidade de operações, mas o aumento no volume financeiro movimentado, parece não ter emocionado os estrategistas em janeiro. 

Durante o período, a M&A Community mapeou 83 deals. Unindo essa perspectiva com dados de mercado, temos uma uma quebra de 28% no número de operações, que movimentaram uma estimativa de BRL 5,5 bi (que também perde para os BRL 11,7 bi de 2023). É preciso considerar que apenas 36% das transações do período tiveram seu valor revelado, mas mesmo assim já é uma quebra de onda para os amantes do modernismo.

Certamente os resultados da Q1 e Q2 vão nos iluminar diversos pontos, mas já é possível cruzar o perfil dos grandes cheques com algumas tendências identificadas pela Bain Company. Você vai ver nas nossas Market Trends o papel que as sinergias de negócios desempenharam nesses dados. Mas um dos insights mais interessantes acontece quando olhamos para setores com custos fixos elevados, como energia e recursos naturais, telecomunicações e varejo. 

Entre esses, especialmente energia se destacou no Brasil. Mesmo um mês lento, como foi em janeiro, não foi capaz de saciar os apetites do setor.

Executivos focaram em negócios complementares, adiantando os resultados de curto-prazo já para o primeiro ano. E essa abordagem parece ter pago, e pago muito bem. Esse movimento se refletiu na valorização estratégica, que permanece em 10,4x EV/EBITDA, bem abaixo dos múltiplos de mercado público, hoje na casa de 16,6x. Reforçamos o mesmo: os dados de 2024 apontam um momento bom para garimpar ativos de qualidade a preços razoáveis, protegendo-se de potenciais markdowns no momento do exit.

Entre muitas opções, as teses desses setores geralmente se concentraram em:

  • Ganhos de escala em processos industriais, de logística e distribuição, especialmente críticos em setores de alta capacidade instalada, como óleo e gás ou grandes redes de varejo.
  • Racionalização de custos e overhead, aproveitando infraestruturas comuns (ex.: hubs de distribuição, equipe administrativa única, sistemas integrados de TI).
  • Maior poder de negociação com fornecedores, ao unificar volumes de compra (por exemplo, de matérias-primas ou insumos).

Para 2025, o nosso termômetro ainda indica um provável aquecimento. Reguladores podem amenizar restrições, juros podem recuar de forma mais clara e empresas vêm investindo em ferramentas de IA para acelerar desde a triagem de alvos até a captura de sinergias. Se preparar agora (seja em aquisições estratégicas, seja em desinvestimentos cirúrgicos) é nossa recomendação para quem quer surfar na próxima onda de M&A.

Fonte: Bain Company

Deu o que falar…

  1. O BTG adquiriu o Julius Baer no começo de janeiro, mas os problemas já começaram. O CEO da empresa, Stefan Bollinger, enfrenta grandes desafios em sua missão de recuperação do banco. Apesar de anunciar cortes de custos e redução da diretoria, as ações caíram 14,6% após a Finma abrir um processo de execução relacionado a perdas de USDm 640 com a falência da Signa. O banco pode não realizar recompras de ações em 2025, enquanto se concentra na reestruturação e na liquidação da unidade responsável pelos empréstimos problemáticos.
  2. O Grupo Safras busca renegociar BRL 1,5 bi em dívidas para evitar uma recuperação judicial e garantir fôlego financeiro. Sob a liderança de Carlos Eduardo Pereira, a empresa pretende suspender o pagamento da dívida por dois anos, focando nos produtores. O plano inclui fechamento de escritórios, devolução de unidades arrendadas e busca por parceiros na armazenagem. O BTG Pactual está entre os interessados na operação. Além disso, ativos de bioenergia e processamento de grãos podem ser vendidos futuramente para reforçar o caixa.
  3. O AgroGalaxy enfrenta um revés em seu processo de recuperação judicial após o TJ-GO permitir que 7 credores, incluindo Itaú, Daycoval, BV, BB, ABC Brasil, Sicoob Ouro Verde e Corteva, excluam BRLm 486 do processo por meio de garantias fiduciárias. A decisão, baseada na Lei de Falências, pode impactar o plano de reestruturação da empresa, que busca negociar BRL 4,1 bi em dívidas.
  4. A TIM Brasil firmou um acordo com o C6 Bank para encerrar quatro processos arbitrais em andamento, além de vender sua participação no banco, incluindo bônus de subscrição, por BRLm 520. A transação marca a saída da TIM do capital do C6, enquanto mantém sua estratégia de impulsionar ecossistemas digitais. O CEO Alberto Griselli destacou que a empresa seguirá focada em sua plataforma de clientes, iniciada em 2020, para agregar valor a serviços digitais.
  5. A Bombril entrou com pedido de recuperação judicial, citando contingências tributárias de BRL 2,3 bi, referentes a autuações da Receita Federal por operações realizadas entre 1998 e 2001, sob o controle do grupo italiano Cragnotti & Partners. O processo impacta 11 bancos credores, que têm BRLm 130 a receber, sendo Itaú (BRLm 18,2), Banco Paulista (BRLm 16,6) e Santander (BRLm 16,5) os principais. A empresa busca reestruturar passivo de BRLm 332,9 e garantir a continuidade das operações, destacando que o pedido visa proteger o caixa e manter relações comerciais. Especialistas apontam que, apesar dos desafios, há possibilidade de negociação fiscal para evitar impactos mais severos no negócio.
  6. A Justiça autorizou a venda dos ativos e da marca da Viação Itapemirim, marcando um novo capítulo no caso que se arrasta há anos. A operação ocorrerá por meio de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI) e deve ser concluída em até 90 dias, segundo Julio Mandel, advogado da EXM Partners, administradora judicial do processo. A empresa, que já foi uma das principais do setor rodoviário no Brasil, enfrentou dificuldades após a gestão de Sidnei Piva, que adquiriu o grupo em 2016 da família fundadora Cola.
  7. A disputa pelo controle da Rossi ganhou um novo capítulo com a convocação de uma AGE para avaliar uma ação de responsabilidade civil contra o ex-CEO Fernando Miziara e os irmãos Renata e João Paulo Rossi, ex-diretores e membros da família fundadora. A atual gestão, liderada pelo presidente do conselho Nicolas Paiva, alega ter identificado fraudes que remontam a 2016, incluindo contratos irregulares com parentes e transferência de ativos sem comprovação de pagamento. Os acusados negam irregularidades e alegam perseguição, apontando que os conselheiros atuais são aliados do investidor Silvio Tini, cujo histórico inclui condenações na CVM. A crise adiciona desafios à recuperação judicial da companhia, enquanto os acionistas preparam-se para definir o futuro da governança da Rossi.
  8. A Caramuru Alimentos revisará seus balanços de 2021 a 2023 após indícios de pagamentos de BRLm 6,2 a um fiscal da Receita Federal entre 2014 e 2017 para evitar autuações de PIS/Cofins. A investigação interna levou ao desligamento de três funcionários e resultou na substituição da Deloitte pela Ernst & Young como auditora para 2024. Apesar do episódio, a empresa mantém sólido caixa de BRL 2,5 bi e otimismo para o setor de biodiesel. Em 2023, a companhia faturou BRL 7,59 bi, com lucro líquido de BRLm 239,86.
  9. A Porto Seguro descontinuou seus serviços de aluguel de carros (Carro Fácil) e celulares (Tech Fácil) após um prejuízo de BRLm 100 em 2024, encerrando um modelo que não gerou retorno esperado. O impacto líquido do Carro Fácil no Q4 24 foi de BRLm 41, enquanto o Tech Fácil registrou perdas menores, de BRLm 10.

Novos fundos e captações

OwnerFundCategoryExpected AUM
01

Hiker Ventures

Chronos

VC

BRLm 50

02

Quartzo Capital

VC

USDm 100

03

Upload Ventures

Fundo Growth

VC

BRLm 300

04

Thomson Reuters

Thomson Reuters Ventures

CVC

BRLm 865,5

05

Grupo Boticário

CVC

BRLm 100

06

GF Capital

Fundo Brasilinvest-ADIG

PE

USD 100 bi

Market Trends

Há quem sorria e quem chore no agronegócio de 2025

Se você folhear as manchetes do agronegócio, vai notar uma série de dualidades: há quem corra para comprar ativos como se não houvesse amanhã, enquanto outros procuram proteção judicial para equilibrar as contas. Dados recentes da KPMG mostram um salto de 125% no M&A do agro em 2024, puxadas principalmente por segmentos de fertilizantes, bioenergia e insumos.

Não faltam exemplos de gente que tem apetite. 

  1. A BrasilAgro segue confiante na expansão de terras, mirando produtores endividados para garimpar boas ofertas no mercado imobiliário rural. Afinal, quem tem caixa e apetite para risco pode capturar ativos com preços atrativos.
  2. Ao mesmo tempo, fundos e grandes players entram na ciranda de fusões e aquisições para consolidar fornecedores, criar sinergias de logística ou reforçar a presença em insumos de maior valor agregado.

Para alguns, o cenário é difícil

Agora, não se engane: boa parte dessa euforia contrasta com uma realidade dura. Vale começarmos olhando para o panorama geral brasileiro: e ele aponta que 2024 foi o ano das recuperações judiciais, conforme aponta o Serasa Experian.

  • O número de solicitações de recuperação judicial passou de 80 (entre janeiro e setembro de 2023) para 426 (no mesmo período de 2024), uma alta de 432%;
  • O 2T24 concentrou 214 pedidos, registrando um aumento de 529% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Agora, o agro pode não estar nessa lista, mas isso não significa que o setor não acumula dívidas. Aqui, a diferença parece estar no fato que a maior parte dos resultados negativos está se concentrando em atores específicos.

  1. A AgroGalaxy, por exemplo, pediu recuperação judicial neste começo de ano lidando com dívidas na casa dos bilhões e uma briga nos tribunais sobre a execução de garantias.
  2. Situação parecida vive o Grupo Safras, que corre para renegociar BRL 1,5 bi fechando armazéns e enxugando estruturas para sobreviver — um verdadeiro triathlon corporativo, como define o executivo que assumiu o turnaround da companhia.
  3. Há também a Lavoro, que anunciou nada menos que o fechamento de 70 lojas em seu segmento de varejo de insumos e alertou: 2025 não deve trazer crescimento significativo.

O que aconteceu e o que pode acontecer.

O agro brasileiro, afinal, tropeçou em um combo explosivo de juros altos, clima instável e quebra de safra em algumas regiões. Como mostra análise da EXM Partners, 2024 foi só um “prenúncio” de mais dificuldades, e a tendência é que, em 2025, cresçam os pedidos de recuperação judicial, por conta das dívidas caras e do aperto no crédito rural.

E agora? Apesar de tudo, ainda há quem veja este copo meio cheio. A safra 2024/2025 deve ser mais robusta em algumas regiões, garantindo margens melhores aos produtores de soja, por exemplo, o que pode “desafogar” o fluxo de caixa. Se isso se confirmar, a lógica é simples: com mais dinheiro no bolso, o produtor volta a consumir insumos e adere a programas de barter, reduzindo parcialmente o risco de inadimplência nas trades. 

Vai dar certo? Quem sabe. Nos resta observar.

Fontes: Bloomberg e NeoFeed

Você não é especial por gostar de inteligência artificial

Você está planejando investir em inteligência artificial durante 2025? Se a gente usar como base os dados divulgados recentemente pelo BCG para adivinhar sua resposta, ela será: sim. Até 2027, o investimento previsto em IA deve crescer em 60%, com 33% das empresas planejando investir mais de USDm 25 já em 2025.  Nesse quesito, o Brasil lidera, com 86% das empresas apontando intenção de assinar cheques pequenos. Globalmente, isso representa 1 em cada 3 empresas, segundo levantamento do BCG. 

É, você não é tão especial assim.

Está todo mundo rico, então? A realidade não é tão amigável. A grande quantidade de deals (e os seus valores) no setor pode apontar para uma supervalorização (há quem ainda defenda a “bolha da IA) ou para potencial represado. É claro que nossa expectativa é que a IA se traduza em potencial, mas o BCG quase estraga nosso barato. Dos executivos entrevistados pela consultoria para o relatório Closing de IA Gap, 75% colocam a IA como prioridade estratégica, mas apenas 25% relatam geração significativa de valor. 

Aqui existe uma lacuna de execução, e talvez um dos motivos seja justamente o hype. Cada vez mais não é sobre meramente “comprar IA”, mas sobre o buy-side ser capaz de identificar sinergias de negócios, usando a tecnologia para impulsionar resultados. A Bain Company deu, em seu último relatório, o crédito para essa estratégia em 59% dos maiores negócios de 2024. Essas foram operações que focaram em ganho de escala, com sinergias rápidas (custos e receitas), especialmente em setores como tecnologia, energia e telecomunicações.

Como você pode gerar valor a partir da IA?

Que tal usar nas suas operações de M&A? O Bain Global M&A Report 2025 apontou que 20% das empresas já utilizam IA em processos de M&A, e 50% planejam integrar até 2027. E não faltam motivos para explorar esse potencial.

O gráfico já fala por si, mas vale destacar alguns potenciais:

  • Identificação de alvos: IA generativa reduz em 80% o tempo de due diligence, agilizando a identificação de sinergias e riscos.
  • Planejamento pós-aquisição: Empresas estão utilizando IA para projetar planos de integração e transição de serviços em 20% do tempo tradicional.
  • Decisões de investimento: Private equities têm usado IA para avaliar impactos de longo prazo da tecnologia nos alvos de aquisição, chegando a cancelar 70% de deals com risco tecnológico relevante.

Fonte: AI Radar 2025 (BCG) e Global M&A Report 2025 (Bain Company)

É a hora de investir em Turismo?

Todo investidor tem consciência da volatilidade das empresas de Turismo, e é fácil achar exemplos de alguém que sofreu recentemente com essa tendência. No Brasil, entre 2020 e 2021, o setor passou por seu “bear market” particular: perdas superiores a BRL 51 bi, queda de 33,4% na receita em comparação a 2019 e redução drástica do fluxo de visitantes estrangeiros.

Mas, para 2025, o urso parece estar domado. O setor brasileiro apresentou dados animadores em 2024, com 6,7 milhões de visitantes estrangeiros, 15% acima de 2023. No doméstico, o país tornou-se o quarto maior mercado de voos, crescendo acima da média mundial, apesar dos BRL 51,5 bi perdidos em 2020. Convergindo com esse aquecimento, a projeção de receita no mercado de Viagens e Turismo em 2025 gira em torno de USD 17,72 bi para 2025, com tendência de chegar a USD 20,43 bi em 2029.

  • Otimismo generalizado? Segundo John Rodgerson, CEO da Azul, a fusão com a Gol é muito mais que um movimento para lidar com as dívidas das empresas, mas uma forma de extrair mais do potencial latente do mercado. Ele destaca que a sinergia pode gerar até USDm 500 em ganhos operacionais, perspectiva que é reforçada pelo BTG Pactual. 

A perspectiva é interessante, mas ainda não reverberou no M&A. O mercado global de viagens e turismo testemunhou transações no valor de USD 44 bi em 2024, representando uma queda de 10% em relação a 2023. Em termos de volume de negócios, houve um crescimento de apenas 1%, totalizando 548 operações de M&A em 2024. 

  • A CVC também está otimista. Depois de um período de reorganização, o plano para 2025 é crescer. A unidade B2B já havia apresentado recuperação em 2024, enquanto a Argentina superou as expectativas de vendas. Para 2025, a empresa projeta o crescimento das três unidades – Argentina, B2C e B2B – pela primeira vez desde o início da reorganização.

Para 2025, grandes eventos, como COP30 e BRICS, reforçam a visibilidade global do Brasil. Políticas de incentivo e expansão de rotas aéreas projetam a receita do setor em USD 17,72 bi, ao passo que fusões e aquisições despontam como estratégia para consolidar operações e diversificar serviços.

Fontes: Brasil.Gov, Global Data e Statista

Outras trends

  1. O Goldman Sachs projeta um crescimento expressivo no mercado de M&A em 2025, impulsionado pela maior clareza macroeconômica, simplificação de portfólios e novas estratégias de private equity. O relatório destaca um aumento nas transações de spin-offs, vendas de participações e aquisições voltadas para IA, à medida que empresas buscam inovação e competitividade. A expectativa é que altos níveis de dry powder e a necessidade de retorno de capital acelerem as movimentações globais. Apesar do otimismo, o banco alerta para potenciais riscos de volatilidade.
  2. Em entrevista a rádios da Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a inflação no Brasil está completamente controlada e previu um crescimento de 3,7% para o país neste ano. Lula destacou que o dólar está “se ajustando” e que o governo está focado em resolver a inflação dos alimentos, embora tenha reconhecido a dificuldade em controlar o preço da cesta básica sem recorrer ao congelamento de preços. O presidente também comparou a inflação atual de 7% com a de 22% durante o governo Bolsonaro.
  3. Em 2024, o mercado de M&A no Brasil registrou aumento de 20,42% no valor total das transações, somando cerca de BRL 260 bi, embora o número de transações tenha diminuído em relação ao ano anterior. A confiança dos investidores foi restaurada, evidenciada pelo valor elevado das operações, com 79,93% superando BRLm 500. Setores como Internet, Software, TI, Real Estate, e Energia Renovável foram protagonistas, destacando aquisições como a da AES Brasil pela Auren.
  4. A América Latina como um todo apresentou um total de 2.904 fusões e aquisições anunciadas e fechadas, uma redução de 16% no número de transações em relação a 2023, mas com um valor agregado de USD  87,679 bi, 16% a mais na mesma comparação.
  5. O setor de petróleo e gás brasileiro deve impulsionar a contratação de executivos em 2025, com o aumento dos investimentos e expansão da atividade no mercado. Em 2024, a comercialização de petróleo e gás da União bateu recorde, estimulando a demanda por líderes nos subsetores de transmissão e distribuição de energia, além de petróleo e gás. As empresas buscam profissionais com foco em inovação, gestão de pessoas e adaptação a novos desafios, como digitalização e adoção de tecnologias emergentes. Espera-se que os investimentos de BRL 500 bi até 2028 aquecerão ainda mais a contratação de talentos.
  6. O setor de infraestrutura deve continuar como um dos principais motores de M&A no Brasil em 2025, impulsionado por investimentos estrangeiros e pela busca por ativos estratégicos, segundo executivos do Bradesco BBI, Itaú BBA, BTG Pactual, J.P. Morgan, Pinheiro Neto e Mattos Filho. Apesar dos desafios da Selic elevada, que pode chegar a 15%, setores como energia, saneamento, agronegócio e tecnologia devem seguir ativos.
  7. Os fundos de crédito privado no Brasil enfrentaram resgates significativos, totalizando BRL 40,6 bi na Q4 24, após um desempenho recorde. A deterioração do cenário macroeconômico e o aumento dos spreads de crédito, especialmente após a apresentação do pacote fiscal do governo, elevaram a percepção de risco e impactaram a rentabilidade dos fundos. A previsão para 2025 é de menor volume de emissões devido ao custo elevado da dívida e à seletividade dos gestores, com uma maior dificuldade de captação, especialmente para empresas mais alavancadas. O setor de infraestrutura, beneficiado pela isenção fiscal, ainda se destaca.
  8. O setor farmacêutico pode movimentar mais de BRL 10 bi em M&As neste ano, com quatro negociações em destaque. Apesar dos juros altos dificultarem as operações, a desvalorização do real pode atrair investidores estrangeiros.

Movimentações executivas

Indústria

Investment and Banking

Agronegócio

Intenções e Estratégias

M&A

Consumo

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising

Energia

Intenções e Estratégias

M&A

FIG

Intenções e Estratégias

M&A

Industria

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising

Real Estate

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising

Recursos Naturais

Intenções e Estratégias

M&A

Serviços

Intenções e Estratégias

M&A

TMT

Intenções e Estratégias

M&A

Fundraising