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M&A Community no Brasil – Ed. #94

Brazil 18 min read
Author
Luca Rossi

Você deve ter percebido, mas o Teaser Brazil chegou mais tarde na sua caixa de correio nesta semana. Conforme a reunião do COPOM se desenrolava, ficamos de ouvidos atentos para saber como o desdobrar da SELIC no Brasil poderia render insights.

Agora, por mais que a (quase certa) manutenção da taxa básica de juros em 15% possa deixar um sentimento de “mais do mesmo” no mercado, podemos extrair otimismo dessa decisão. 

Acontece que a melhora no IPCA, cuja projeção do mercado caiu para 12,38% nessa semana, balanceia esse retrogosto. Nesse contexto, a SELIC, junto com o iminente corte de juro nos EUA, se unem para diminuir a pressão inflacionária. Começa a se desenhar um cenário misto e, quem se adianta, captura mais valor.

Nesta edição, pegamos a esteira do cheque de BRL 12 bi na Iberdrola na Neoenergia para analisar como as expectativas econômicas podem impactar o setor elétrico; além de insights e estratégias para você se posicionar no próximo período.

Essa edição também traz destaques como:

  1.  O OPA da Santos Brasil, que movimentou BRLm 5.32 bi. A CMA foi quem adquiriu a maior parte, comprando 42,07% do capital social e passando a controlar cerca de 93% da empresa. 
  2. A Natura vendeu suas operações na América Central para o grupo PDC, pelo valor simbólico de USD 1 e um recebível de USDm 22.
  3. A Reag Investimentos assinou um MoU para vender a Empírica para o grupo SRM. A transação, onde um Mansur negociou com outro (Marcos Mansur e João Carlos Mansur), deve ser celebrada com o pagamento de BRLm 25, em 6 parcelas semestrais, para a Reag. O total fica entre BRLm 61 e BRLm 75.

Boa leitura!


Webinar: As tendências de M&A no mercado de armazenamento de energia italiano

O movimento da Itália em direção às energias renováveis está criando oportunidades, especialmente no setor de baterias e armazenamento.

Junte-se ao nosso webinar, no dia 9 de Outubro, e ouça de lideranças do setor os principais insights sobre negócios, oportunidades de investimento e os desafios estratégicos que estão moldando a indústria.


Deals Highlights

Curadoria entre 3 a 16 de setembro

Número de deals identificados: 42

Valor total divulgado: BRL 19,23 bi

TargetTypeIndustryBuyerSeller
01

Empírica

Takeover

FIG

Grupo SRM

Reag Investimentos

02

DAO Capital

Merger (incorporação)

FIG

Giant Steps

Private Stakeholders

03

Netbr

Takeover

TMT

SEK (

N/D

04

Neoenergia (30%)

Majority Stake

Energy

Iberdrola

Previ

05

SuperClínica (MA)

Takeover

Healthcare/Pharma

Clínica SiM

Private Stakeholders

06

Ampfy

Takeover

Services

B&Partners

Private Stakeholders

07

Labormed (RJ)

Takeover

Healthcare/Pharma

Tommasi

Private Stakeholders

08

PrecPago

Minority Stake

FIG

Banco Mercantil

Private Stakeholders

09

Bloco exploratório 4 (STP)

Minority Stake

Infrastructure

Petrobras

N/D (consórcio/Estado)

10

Parque solar Hélio Valgas II

Minority Stake

Energy

Santista Têxtil

Comerc Energia

11

UniFG

Takeover (remaining stake)

Services

Ânima Educação

Private Stakeholders

12

Avon CARD

Asset Acquisition

Consumer

Grupo PDC

Natura

13

Comfrio

Takeover

Industry

Emergent Cold LatAm

Private Stakeholders

14

Ativos de cloud da Nextios (marca+contratos)

Asset Acquisition

TMT

BR Link

Locaweb/Nextios

15

Santos Brasil

Takeover (OPA)

Infrastructure

CMA Terminals

Private Stakeholders

16

10 andares do HBR Corporate (Faria Lima)

Asset Acquisition

Real Estate

N/D

HBR Realty

17

Parte das lojas do Grupo Supernosso

Asset Acquisition

Consumer

Grupo Mart Minas

Grupo Supernosso

18

Paduashop

Takeover

Consumer

FTW

Private Stakeholders

19

Super Saúde

Takeover

Consumer

Hero Group

Private Stakeholders

20

Nippur Finance + SYM

Merger

FIG

21

Grupo Unhas Cariocas + The One

Merger

Consumer

22

JV de armazenamento de energia

Joint Venture

Energy

Nova Engevix & You.On

23

NetBR (cibersegurança)

Takeover

TMT

SEK (Pátria)

Private Stakeholders

24

2 ativos do BLMG11

Asset Acquisition

Real Estate

FII GGRC11

FII BLMG11

25

Fábrica de revestimentos (RN)

Asset Acquisition

Industry

Carmelo Fior

Mohawk (EUA)

26

Benet

Takeover

Healthcare/Pharma

Grupo REP

Private Stakeholders

27

Instalações da Itagres (Tubarão)

Asset Acquisition

Industry

Baly Brasil

Itagres

28

Aio Corretora de Seguros

Takeover

FIG

Alper Seguros

Private Stakeholders

29

Vollmens Fragrances

Majority Stake

Industry

Givaudan

Private Stakeholders

30

Abacashi

Takeover

FIG

Le Pot Commun (França)

Private Stakeholders

31

Lincros

Takeover

TMT

Sankhya

Private Stakeholders

32

Anapro

Takeover

TMT

Starian

OLX

33

Sofya

Minority Stake

TMT

MV

Private Stakeholders

34

Bynd

Takeover

TMT

Deskbee

Private Stakeholders

35

Overmind

Takeover

Healthcare/Pharma

Bionexo

Private Stakeholders

36

Guanabara Navegação

Takeover

Infrastructure

Posidonia

Private Stakeholders

37

Acqua Vero + SWM

Merger

FIG

38

Play9

Minority Stake

Services

João Pedro Paes Leme

Felipe Neto

39

CGB Alagoas (60%)

Asset Sale (em negociação)

Energy

N/D

Raízen

40

JV para 3 usinas de etanol de milho (MT)

Joint Venture

Energy

Amaggi & Inpasa

41

Get and Go

Takeover

Consumer

Mikro Market

Private Stakeholders

42

Pixeon

Takeover

Healthcare/Pharma

Vela Latam

Riverwood Capital


Compra da participação da Previ na Neoenergia: movimento da Iberdrola oferece leitura para o mercado de energia em 25-26

Um cheque de BRL 12 bi não passa despercebido. A ampliação do controle da Iberdrola na Neoenergia para 84% é mais que um bom negócio: é um sinal dos tempos. 

Em um ciclo de demanda estruturalmente maior e inflação mais comportada, ativos de rede (com seus fluxos previsíveis, regulações claras e CAPEX) viram porto seguro para os dealmakers.

O pano de fundo ajuda. O IPCA teve picos no 1T25, mas agosto apresentou uma quebra. Foi uma redução de –0,11%, a maior queda mensal desde 09/2022. E a energia elétrica foi quem puxou esse resultado. 

Claro, aqui temos o efeito do bônus de Itaipu, crédito pontual dado para os consumidores. Então se a sua fatura subiu em setembro, faz sentido: a benção não se repete. 

Ainda assim, o quadro é de desinflação, e a expectativa é que ele se mantenha. Tudo indica que decisão da reunião do COPOM desta quarta-feira deve tender para manter as taxas de juros em alta para consolidar o recuo da inflação. Manter em 15% significa mais tempo com custos de capitais maiores, mas a contrapartida da inflação pode trazer algumas gotas de previsibilidade, que é tão bem-vinda para o setor.

Nesse cenário, o mercado reorganiza prioridades. Dar o próximo passo para tirar o máximo de valor de uma economia possivelmente mais favorável deve estar no playbook do dealmaker de energia. E, aqui, a Iberdrola deu aula.

Demanda de rede crescente e necessidade de inovação são esteiras para a Iberdrola extrair o máximo de valor

A consolidação do controle na Neoenergia nos oferece uma leitura do setor. O fortalecimento de verticais de rede e transmissão também acontece em um ciclo de demanda por energia em alta. 

O Brasil está consumindo muita eletricidade, e muito mais do que antes. O consumo anual em 2025 saltou para 562 mil GWh, numa trajetória de longo prazo ascendente e agora reforçada por vetores como data centers de IA, eletrificação e digitalização industrial.

Essa base de carga crescente exige capex de rede (automação, medição, redução de perdas e qualidade), exatamente onde o retorno é regulado e menos exposto à volatilidade típica da geração.

Ao priorizar transmissão/distribuição, a Iberdrola trava fluxo de caixa ancorado em RAB e revisões tarifárias, reduz sensibilidade a choques hidrológicos/preço spot e captura a próxima perna de valor: uma rede mais digital, resiliente e DER-ready. O deal consolida o presente, mas também prepara para o futuro. 

E a sua estratégia? Já está preparada?


Deu o que falar…

  1. Já era dada como certa a aprovação da compra do Master pelo BRB, mas o deal bateu na trave. O CADE vetou a compra, citando mudanças no escopo da autorização. Segundo fontes próximas ao caso, a operação da PF na Faria Lima azedou as discussões. Mas parece ter mais coisa por aí, com menções de articulações políticas terem colocado á diretoria do BC sob pressão. 
  2. A Raízen e a Femsa chegaram a um acordo para encerrar a joint venture do Grupo Nós. Pelo acerto, não haverá pagamento em dinheiro: a brasileira ficará com as 1.256 unidades Shell Select e Shell Café do país. O movimento faz parte da estratégia da Raízen de simplificar seu portfólio
  3. O CEO da Gerdau está frustrado com o tema da energia. Cortes de geração no parque solar da empresa em Minas Gerais teriam chegado á 70%. “Tenho dificuldade de entender por que o Brasil no momento está despachando térmica a carvão e a gente não consegue operar os parques totalmente renováveis”, afirmou o executivo.
  4. A Aneel anulou as multas editalícias, que somam BRLm 14,8, aplicadas aos projetos das eólicas Caiçara 1 e 2. As usinas foram vencedoras do 4º Leilão de Energia de Reserva da Aneel, realizado em 2011, e tinham data de suprimento definida para 1º de julho de 2014, mas sequer foram implementadas. 
  5. Depois de voto positivo de relator, conselheiro pede vista e CADE suspende análise de deal na Amazônia. Aprovação pela área técnica do órgão havia acontecido apesar de sobreposição horizontal entre atividades, tornando do caso um interessante objeto de estudo para dealmakers em processo de aprovação.

1T 25: M&A Global achou balança entre quantidade e valor, mas tecnologia ainda é o grande driver 

O setor de Energia pode ter esfriado, mas em âmbito global e multisetorial, o 1º semestre confirmou a reabertura do ciclo global de M&A. O valor anunciado de operações acima de USD 25m subiu 22% para USD 2 tri, enquanto a contagem de deals permaneceu praticamente estável (por volta de 3,7 mil).

Aqui a lógica é de mais valor, mas com o mesmo volume. O que já é um avanço, considerando o mormaço que o mid-market enfrenta em 2025 e as nossas expectativas anteriores (queda em volume, mas aumento nos valores).

O tíquete médio chegou a USD 544m, maior nível em cinco anos, e você já deve imaginar que o efeito-escala veio dos megadeals. As transações de USD 10 bi+ cresceram 44%, somando USD 535b e elevando sua fatia no bolo. E um olhar para os setores mais aquecidos pode revelar onde esse capital esteve condensado. 

Agora, quando olhamos para a quantidade de operações, a busca por segurança foi o vetor para consolidar os setores, e a digitalização foi o fator em comum que uniu as lideranças.

  • TMT (com IA e infraestrutura digital) lidera ao oferecer saídas ágeis para empresas abrirem nossas pernas de valor. 
  • FIG e Saúde, que seguem, também são setores com alto impacto transformacional a partir de soluções digitais. 

Inovar é sempre essencial, mas pode ser questão de sobrevivência durante tempos incertos. Empresas que conseguiram capturar sinergias claras, fazer uma integração veloz e repartir riscos acharam em ativos com pegada digital uma forma de melhorar sua eficiência e buscar ROI de forma balanceada.

  • PS: apesar de Energia & Materiais terem perdido espaço no ranking global, em regiões como EMEA esses setores ainda foram dominantes. Ou seja: não há regra escrita. A “fuga para a segurança” é menos sobre aversão a risco e mais sobre clareza de tese. Não vale pagar cara em inovação sem ter em vista a forma que ela agregará valor. 

Fonte: McKinsey e Goldman Sachs


M&A cross-border permaneceu resiliente na 1T 25

Na Edição #78, eu compartilhei a visão do impacto positivo que o cross-border teve no M&A brasileiro em 2024. Mas aquela perspectiva de que ele seria um grande influenciador em 2025 não se traduziu tão bem. Afinal, foi um ano de desafios, desde tarifários até políticos.

Mas agora, dados da T1 25 mostram que, diante a guerra tarifária e tensões regionais, dealmakers não se inibiram de continuar cruzando a fronteira. 

O mapa do M&A segue global, com fluxos cross-border em linha com a média histórica (16% do valor total no semestre). 

  1. As Américas foram o foco, com influxo líquido de USD 58b;
  2. Nos corredores, destaca-se EUA–Europa (USD 267b), além de APAC–Américas (USD 152b) e APAC–EMEA (USD 66b).

Em tempos que instigam a divisão, é bom ver que a geografia voltou a ser um vetor, e não um obstáculo.


Saídas destravam e Venture Capital vê capital migrar para late/growth stages na 2T 25

O 2º tri marcou a virada para o Venture Capital: o valor investido voltou a subir, mesmo com deal count contido. E, claro, esse rebote veio dos mega-rounds. 

Mas muito além da já mencionada “fuga pela segurança”, houveram alguns marcadores importantes durante o período. O principal é que janelas de saídas começaram a destravar globalmente.

Apesar do “destravamento”, não houve uma janela ampla. O que a 2T 25 trouxe foi liquidez pontual. Aconteceram alguns IPOs nos EUA (com muitos down-rounds) e startups ganharam mais tração. 

Segundo o Crunchbase, foram USD 50 bi em valor de saídas por M&A no trimestre, a 2ª maior marca desde 2021. Já conta como uma vitória. 

Na composição setorial:

  • Software segue dominante
  • Saúde (pharma/biotech e serviços) manteve tração; 
  • Energia e hardware seguiram como nicho. Ainda tem bastante oportunidades para negócios de base tecnológica inovarem.

O recado para founders e fundos é claro: há apetite, mas por ativos com escala, IA no core e unit economics provados. 

Comentamos na Edição #83 sobre o capital se afunilar em pré-seed/seed, com investidores buscando segurança e escalabilidade mais rápida. Agora o jogo virou.A busca por maturidade fez com que os recursos migrassem para estágios mais avançados, com o dinheiro se concentrando em late stage/growth.


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