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M&A em Energia puxa números da Q3

Brazil 17 min read
Author
Luca Rossi

O M&A global entrou em 2025 tropeçando, mas não caiu. Depois de um Q2 que parecia prenúncio de retração, o Q3 virou o jogo com megadeals bilionários e uma retomada que ninguém apostava no começo do ano. O contraste é quase cômico: volatilidade para todo lado, petróleo instável, juros altos — e ainda assim, dealmakers não tiraram o pé.

No Brasil, o roteiro não é tão diferente. A bolsa em máximas históricas e a expectativa de queda dos juros reacenderam o mercado de capitais, mas quem realmente ditou o ritmo foi o setor de energia. Em meio à sobreoferta renovável, projetos pressionados e transmissões saturadas, três movimentos chamaram atenção:

  • A Brasol acelerando aquisições enquanto desenvolvedores lutam para respirar;
  • A Engie pisando no freio das renováveis e mirando hidrelétricas — ativo raro e disputado;
  • E a TotalEnergies fechando um acordo bilionário na Europa para reforçar geração flexível, exatamente o insumo que o Brasil começa a carecer.

O contraste é o mesmo que vimos em outros mercados: estresse de um lado, consolidação agressiva do outro. Nesta edição, mostramos como esses deals revelam o novo ciclo do setor — e por que energia voltou a ser o denominador comum do M&A em 2025.

Quer mais insights do backstage do M&A brasileiro? Se conecte comigo no LinkedIn e vamos conversar. 

Boa leitura.



Deals breakdown

Curadoria entre 11 e 24 de novembro.

Deals identificados: 29

DealIndustrySeller/CounterpartyBuyer/Investor
01

Stella d’Oro (Grupo Predilecta) compra ativos da Bonduelle em Cristalina (GO).

Agribusiness

Bonduelle (ativos GO)

Stella d’Oro / Grupo Predilecta

02

Quartzo investe na Solan (SaaS para usinas solares).

Energy

Solan

Quartzo

03

TotalEnergies e EPH formam JV para energia flexível.

Energy

N/D

TotalEnergies + EPH (JV)

04

Celcoin adquire a Vulkan Labs (infra de crédito com IA).

FIG/Startups

Vulkan Labs

Celcoin

05

Rede D’Or vende a Maternidade Star (SP) à Atlântica D’Or.

Healthcare/Pharma

Rede D’Or

Atlântica D’Or (JV fam. Moll + Bradesco Seg.)

06

Oncoclínicas vende o Hospital Vila da Serra (BH) ao Felício Rocho.

Healthcare/Pharma

Oncoclínicas

Hospital Felício Rocho

07

Hypera exerce opção e assume controle total da Simple Organic.

Healthcare/Pharma

N/D

Hypera

08

Venda da Sweetmix a multinacional; valor em USD.

Industry

Sweetmix

N/D

09

Cenibra adquire 49,9% da Bionow (valor não divulgado).

Industry

Bionow

Cenibra

10

Sequoia aprova incorporação da Fulcrum; fundo atinge 47% pós‑deal.

Industry

Fulcrum

Sequoia

11

Veolia conclui aquisição da EcoVital (resíduos perigosos).

Infrastructure

N/D

Veolia

12

Grupo EBM e Trusted Data anunciam fusão (infra de data centers, 500+ MW).

Infrastructure

Grupo EBM; Trusted Data

N/D

13

Controlador do Banco Master vende fatia na Itaminar.

Infrastructure

Controlador do Banco Master

N/D

14

Prio conclui aquisição de 40% e da operação dos campos Peregrino e Pitangola.

Infrastructure

N/D

Prio

15

Telefônica Brasil conclui compra de 75% da Fibrasil.

Infrastructure

N/D

Telefônica Brasil (Vivo)

16

Localiza Fleet vende 64,6% na Voll.

Infrastructure

Localiza Fleet

N/D

17

Grupo Fuganti compra a Rodomac (concessionária de máquinas agrícolas).

Infrastructure

Rodomac (sócios)

Grupo Fuganti

18

TIP Brasil compra 100% da TÁ Telecom (IoT/MVNO).

Infrastructure

TÁ Telecom

TIP Brasil

19

Perfin vende fatia na Corsan ao Bradesco.

Infrastructure

Perfin

Bradesco

20

State Grid compra a transmissora Mantiqueira da Quantum (Brookfield).

Infrastructure

Quantum (Brookfield)

State Grid (controladora da CPFL)

21

Grupo Graiche incorpora a Taquari (gestão condominial).

Real Estate

Taquari (sócios)

Grupo Graiche

22

FII HGBS11 assina MoU para comprar 20% do ParkShopping São Caetano.

Real Estate

N/D

HGBS11

23

Grant Thornton Brasil vende controle da consultoria à rede global de firmas.

Services

Grant Thornton Brasil

Rede global de firmas (GT Network)

24

LiveMode assume 100% da CazéTV; Casimiro vira sócio da holding global.

Services

N/D

LiveMode

25

Empresa do pai de Neymar compra a marca Pelé.

Sports

N/D

NR Sports

26

SG/CADE aprova venda da Ericsson Inovação para a Open Labs (sem restrições).

TMT

Ericsson

Open Labs

27

iFood adquire a Advolve (valor não divulgado).

TMT

Advolve

iFood

28

Semantix compra empresa do Grupo Boticário (valor não divulgado).

TMT

Grupo Boticário (empresa ND)

Semantix

29

Gennera e QI Solution se fundem (edtech).

TMT

Gennera; QI Solution

N/D

30

Vela Latam adquire a Gaudium (mobilidade/delivery, plataforma Machine).

TMT

Gaudium

Vela Latam

31

WakeCap compra a Trackfy (BA); executivos BR mantêm participação.

TMT

Trackfy

WakeCap


M&A em Energia: volatilidade alta, mas o dealflow não tirou o pé

Depois de um trimestre morno, o M&A global voltou a acelerar com força. No Q3, o volume transacionado saltou 25,6% e o número de deals cresceu 3,8% — o trimestre mais intenso desde o fim de 2021. Mesmo com inflação teimosa, ruído geopolítico e economia andando de lado, os dealmakers ignoraram o caos e foram às compras. Já são mais de 37 mil transações em 2025, somando USD 3,4 tri. O ano deve bater o recorde histórico em número de operações, ainda que o valor fique logo abaixo do frenesi de 2021. Em outras palavras: o apetite voltou, mas de forma mais seletiva e estratégica.

No Brasil, o jogo também ganhou tração. O TTR Data contabilizou 1.475 transações até outubro, movimentando BRL 218,4 bi — alta de 5% em volume e 2% em capital mobilizado versus 2024. Tech segue dominante, mas Real Estate corre por fora, e o apetite estrangeiro continua firme: EUA e Reino Unido lideram as aquisições no país. Outubro fechou com 125 operações e BRL 8,9 bi, coroado pela conclusão da compra da Basf Coatings pela Sherwin-Williams, um deal bilionário que reforça a volta dos movimentos corporativos de maior porte.

Se 2024 foi uma ladeira suave para o M&A de energia, 2025 virou montanha-russa: Q1 e Q3 vieram fortes, Q2 tropeçou com incerteza macro e o petróleo no menor patamar desde 2021. Mesmo assim, o setor mostrou resiliência — compradores com balanços robustos aproveitaram a janela de preços deprimidos para consolidar posições, reacendendo movimentos estratégicos que estavam adormecidos.

O resultado? O ano já caminha para fechar com alta tanto em número de operações quanto em valor. Só no terceiro trimestre, foram cerca de 375 deals somando USD 90,2 bi, levando o acumulado de 2025 para mais de 1.090 transações e USD 238 bi. A volta dos megadeals também ajudou a destravar o ritmo: Baker Hughes puxou a fila com a compra de USD 13,6 bi da Chart Industries, enquanto o consórcio liderado pela KKR aumentou sua fatia na Sempra Infrastructure em uma operação bilionária. 

Em resumo: volatilidade tem de sobra, mas movimento também. E é exatamente nesse cenário que os deals mais interessantes da quinzena começam a aparecer.


IPOs e M&A de Energia no Brasil: o jogo começa a destravar

Com o Ibovespa renovando máximas e a curva de juros finalmente cedendo, o mercado de capitais brasileiro começa a ganhar tração. O movimento ainda é moderado, mas suficiente para destravar follow-ons depois de anos de marasmo.

IPOs, por outro lado, seguem em hibernação: não vemos uma abertura de capital desde 2021. E, com o calendário eleitoral à vista, a janela mais promissora só deve aparecer de forma estrutural em 2027.

Follow-ons: Capital para Desalavancar e Preparar o Terreno

Neste ambiente, são as ofertas subsequentes que lideram o fluxo. Cosan abriu caminho com duas captações que somaram BRL 10,5 bi — prova de que, quando o setor precisa de caixa para reduzir dívida ou financiar expansão, o mercado responde.

Para energia e infraestrutura, isso se torna ainda mais relevante. Com leilões previstos para 2026, muitas companhias devem reforçar balanço agora, misturando dívida, equity e reciclagem de portfólio para entrar no próximo ciclo mais leves e competitivas.

O Paralelo com M&A de Energia: Consolidação Acelera

Enquanto o mercado local revisita o equity como fonte de capital, o M&A de energia no Brasil segue firme. A lógica é similar ao movimento global: empresas buscam simplificar estrutura, reduzir risco e ganhar fôlego para investir pesado em renováveis, transmissão e ativos estratégicos.

A mensagem é clara: quem chega capitalizado compra melhor. E quem chega desalavancado vira alvo menos vulnerável — ou um consolidado mais agressivo.

IPOs: Uma Janela que Ainda Vai Demorar

Para aberturas de capital, a exigência é outra: visibilidade macro de longo prazo, algo improvável antes das eleições. Por isso, o consenso do mercado é que IPOs relevantes devem surgir mais para 2027 que para 2026.

Até lá, energia deve seguir o mesmo playbook: follow-ons táticos no curto prazo, consolidação via M&A no médio e preparação silenciosa para aproveitar a próxima grande janela de mercado.


M&A em Energia com dealflow acelerando: quando a volatilidade abre espaço para consolidação

Brasol: compradora agressiva em um setor pressionado

A Brasol mira até R$ 20 bilhões em ativos solares e já fez ofertas por 25% desse volume, exatamente no momento em que a alta de juros estrangula os desenvolvedores e abre espaço para consolidação. É o mesmo padrão que vimos no mercado global: capital bem posicionado se movimenta quando a alavancagem sufoca os concorrentes.

O paralelo com o Brasil é direto: a renovável pura vive um “apagão de margens”, mas geração distribuída e ativos com previsibilidade continuam disputados. A estratégia da Brasol — comprar distressed, reestruturar dívidas e capturar ativos bem localizados — espelha os movimentos de consolidação vistos nos EUA e Europa no Q3.

Engie: segura renováveis, mira hídrica — e manda um recado ao mercado

A decisão da Engie de adiar investimentos em eólicas e solares não é isolamento; é sintoma do setor. O excesso de geração e o curtailment corroeram retornos, e isso vale tanto aqui quanto lá fora. O que chama atenção é onde a Engie quer crescer: hidrelétricas. Ativo escasso, regulado, resiliente — e cada vez mais valorizado em ciclos de excesso de renováveis.

Para o mercado de M&A brasileiro, esse movimento reforça uma tendência: ativos “firmes” viraram prêmio. E, com poucos vendedores, quem tem hidro no portfólio se valoriza naturalmente. É a economia da escassez funcionando em tempo real.

TotalEnergies: a consolidação global no caminho inverso do Brasil

Na Europa, a TotalEnergies parte para um movimento bilionário, adquirindo 50% da plataforma flexível da EPH — gás, biomassa, baterias. É o oposto exato do Brasil hoje: enquanto aqui sofremos com excesso de renováveis e falta de base firme, lá o problema é a intermitência sem apoio suficiente.

O paralelo é interessante: países maduros correm para comprar flexibilidade; o Brasil, para manter eficiência da expansão renovável. Mas, em ambos, o M&A surge como solução — consolida portfólios, equilibra risco e antecipa o próximo ciclo.

O fio da semana: valuation deprimido, capital forte e a janela perfeita

Brasol, Engie e TotalEnergies mostram o mesmo padrão com sotaques diferentes:quando o ciclo aperta, o M&A vira ferramenta estratégica — seja para comprar barato, proteger retorno ou reequilibrar portfólio.

No Brasil, a janela está aberta: excesso de renováveis, dívidas pressionando pequenos players e um ciclo futuro de demanda (data centers, VE, storage) que vai separar sobreviventes de consolidadoras. Quem se mexe agora, lidera depois.


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